segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Mainha, um texto do seu filho, no blog da sua filha...

Em 06 de novembro de 1946, veio ao mundo, para mais uma luta nesta difícil escola de expiações, Maria do Socorro Barboza, uma quase paraibana de Campina Grande, mas que teve seu destino pernambucano trazido para Recife. Neste inesquecível dia, com o mundo se recuperando da grande guerra que o assolou, o ex combatente Acácio segurou em seus braços, pela primeira vez uma filha, a sua primogênita, a qual tanto amaria.

Com personalidade forte, Socorrinho, Uou, Maria ou Help, como sempre foi conhecida, sempre se destacou em todos os seus ambientes sociais. Mulher de fibra, determinada e persistente, que já passou por grandes dificuldades e traumas, ainda não superados completamente, mesmo com várias primaveras já passadas.

Perder seu Pai, o velho Acácio, sua maior paixão, aos 30 anos, não foi nada fácil, mas o amadurecimento em sua espiritualidade mostrou, com o passar dos anos, que não tratava-de de um adeus, mas sim de um até logo. Poucos anos depois, ao divorciar-se teve mais um grande baque, em sua vida, ao enfrentar a realidade de tocar sua vida a sós, com a responsabilidade de seguir com Taciana e Henrique, suas duas únicas razões para continuar.

Traumas e intempéries que não tiraram, desta mulher, a vontade de viver, a crença no amanhã, na continuidade da vida. Dificuldades, que não tiraram o seu brilho, mesmo que seja por debaixo da sua cara sisuda e fechada. Um brilho, uma áurea, e uma luz que é imaterial, espiritual, mas que nunca se apagou, nem nos seus piores momentos. Uma fé que a levou, das faltas de respostas do catolicismo ao imediatismo da umbanda, e deste imediatismo ao conforto e segurança do espiritismo. E é nesta filosofia de vida que Dona Socorro vem crescendo e evoluindo, como pessoa, e principalmente evoluindo na eternidade de seu espírito.

Quantas não são as pessoas do meu passado, que as vezes nem perguntam por mim, num reencontro casual, mas perguntam logo pela minha mãe: “E como vai sua Mãe, fazendo ainda muito crochê?”. Eita o crochê, uma grande paixão sua, a qual não poderia esquecer. Crochê que a levou à costura, não por profissão, longe disto, mas lhe conduziu à caridade. Afinal, sem caridade não a salvação, uma frase que ela sustenta, na qual tanto se apega. Quantos não são os irmãos recém-nascidos, que ainda nem chegaram neste mundo, mas que Socorrinho já ajudou com seus enxovais, no Seara, no Peixotinho, de norte a sul, desta cidade.

Sempre me dizia que não teria netos, tal a sua vontade, mas receio de que está felicidade não batesse a sua porta. Netos que a segurassem quando a velhice chegasse, dando aquele amor, passando aquela renovação. Mas Deus não lhe deu um neto, deu-lhe logo três, Pedro, Agatha e Clara. Pedro seu mais velho, o único homem, um grande companheiro de outras existências. Agatha com a que mais convive, sua grande filhota. Clara, a pequenininha, uma cópia do seu filho quando pequeno, a qual faz reviver no físico momento bons do passado.

És um exemplo para mim, uma companheira que sempre me ajudou, mesmo com os ciúmes e discordâncias do resto do mundo. Uma singela homenagem a minha querida Mãe. Minha luz, e que, o até logo do Cabeçudo Acácio, não demore muito por vir. Espírita e desapegado que sou, crente em tudo que sabemos, desejo que vá ao encontro dele, quando assim for o momento, descansar um pouco deste fardo, deste mundo. Lá é seu lugar, e nesta existência somaste uma imensidão de pontos positivos.

Quando leres estas palavras, dê um cheiro em cada um dos meus filhos, meus maiores amores. Eles são o que te dei de melhor nesta vida, a continuidade do seu legado.

Por Henrique Antunes (*)

(*) Também conhecido como Professor Antunes, no meio esportivo, Henrique é Analista de Sistemas com atuação na área hospitalar a mais de 15 anos. Na UFPE foi um quase engenheiro, quase contador, paquerador de jornalismo e comunicação, e "Se Deus Quiser" será um futuro administrador.

Um comentário:

  1. Cabeça (este é um dos apelidos do meu brother Professor Antunes),gostei de ter colocado o texto que escreveu no Blog. Espero mais colaborações suas. Mas... Avisa antes, pô! Levei o maior susto! Achei que tinham rackeado o meu Blog! ahahahahahah

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