terça-feira, 18 de setembro de 2012

Um vinho para chamar de seu

Caros leitores, hoje teremos um inédito escrito por Luciana Torreão, jornalista e especialista em vinhos. Lu, como a chamo, é amiga de outras vidas e desta também, desde os bons tempos do CAC (Centro de Artes e Comunicação), da Federal. O texto me lembrou esses momentos especiais que passamos com os amigos, bebendo e jogando conversa fora, quando tudo parecia mais simples... As fotos e legendas são da Lilu, me diverti muito nesse garimpo de imagens... Aproveitem!

No auge de minha “leiguice” em vinhos, lembro-me da ocasião em que me senti muito feliz por ter evoluído e passado do bom e velho Carreteiro para um vinho “melhor”. A evolução, na verdade, se deu pelo fato de a mãe de uma amiga ter dito que deveríamos deixar de tomar vinhos baratos e comprar vinhos melhores. Para o espanto dela, seguimos o conselho, mas não exatamente como ela havia pensado. A gente comprou um Dom Bosco – era melhor que o Carreteiro (?). A decepção dela deve ter sido tão grande, que a mesma nunca mais tocou no assunto. Olhava de banda e, lá no íntimo, devia apenas lamentar. Certamente, teve esperança de que um dia, a gente criasse juízo. Bom, foram muitas tentativas.
O famoso Santa Felicidade, geladinho. Detalhe: olha as mameiras de Agatha alí no fundo da foto!
Alguém nos surpreendeu e nos apresentou ao Santa Felicidade. O status era um pouco melhor. Mas não nos demos por satisfeitos. Partimos para um “champanhe”. Sim, tudo que borbulhava era champanhe pra gente. Tomamos o vinho Surpresa, um frisante, que caia bem no bolso de todo mundo, era docinho e fácil de tomar. Afinal, Sidra Cereser não era nada chique. E, eu mesma não gostava.

O "Garrafa Azul".
Em outra ocasião, comentaram que a moda era um tal vinho alemão da garrafa azul. Pronto! Era alemão, então era o máximo. Foram anos de felicidade, até o riesling ser traído pelo “francês” Chateau Du Valier. Mais tarde, qual não foi a minha decepção ao descobrir que era nacional. Nada contra os nacionais, mas foi frustrante. 

Já formada, meu primeiro chefe me presenteou com o vinho Periquita. Toda exibida, convidei aqueles amigos, que já falei antes, para compartilhar. Pois, enfim, iríamos experimentar algo, realmente, melhor. Até então, não fazia ideia da diferença entre vinho seco e suave, achava que era só o açúcar. Aos olhos dos amigos, esperando minha reação ao primeiro gole, a careta deve ter sido a mesma de quando se come jiló. Engoli, com pena, pensando nos centavos que poderia cuspir. Curiosos, todos correram a dar um gole. A sequência de expressões faciais foi idêntica. O que fazer? Não houve dúvida: para não perder o status de ter bebido algo importado, misturamos gelo, açúcar, leite condensado e batemos tudo. Uma “caipivinho” improvisada. E o melhor de tudo, durou muitas horas. Hoje, quando lembro disto, morro de rir.



O vinho sempre conviveu alegremente com a cerveja nas nossas farras.
 
Agora, em momento mais chique, já com vinhos de alta qualidade porque a gente merece:
Cláudia, Luciana, Adriana e a Lilu (tô uma gata nessa foto!) 
Como eram bons e inocentes aqueles tempos. O objetivo era um só: diversão. A verdade é que cada um tem seu tempo, preferência, maturidade gustativa e poder aquisitivo. O importante é ter um vinho para chamar de seu. Vale experimentar, respeitar o gosto ou desgosto do outro e brindar!

Luciana Torreão, para o Blog da Lilu.


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