quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Aventura demais para o meu gosto...

O dia não começou fácil. Como bem prometido pelos céus, meu inferno astral deste ano começou mesmo com gosto de querosene (porque, gás, é light demais). Vinha tranquila no meu "busão" matinal, mais vazio do que o normal, por volta das 8h30 desta manhã ensolarada de início de setembro, quando vejo um bando de maloqueiros pendurados no ônibus da frente, surfando e se divertindo e, obviamente, muito doidos de cola ou sabe-se lá de quê. Como eu já estava adivinhando, resolveram trocar de condução e foram para o coletivo no qual eu estava placidamente instalada.

Aí o sossego da manhã começou a se transformar em agonia generalizada. Muitos conflitos começaram a se estabelecer nesta cabecinha impressionável que vos escreve. Já fiquei com medo dos doidos entrarem no bus e pirarem querendo assaltar ou machucar alguém. A cobradora estava com uma cara de paisagem como se visse isso acontecer todo dia. Comigo não, violão! Eu estava mesmo com medo. O motorista, por sua vez, parecia preocupado em não matar nenhum deles com uma freada brusca. Com portas e janelas sendo sacudidas pelos marginais, resolvi mudar de lugar e ir para mais pertinho da nossa cobradora zen. Fechei logo as janelas ao meu redor e gritei, na maior elegância e controle possíveis em uma situação dessas "toca para a delegacia perto da pracinha, motorista! Tô ficando com medo desses caras!"

Estávamos na av. Conselheiro Aguiar e lá vai o "motô" seguindo para a dita delegacia, sem parar mais para ninguém descer ou subir. Só havia quatro passageiros: eu e outra mulher na parte de traz e dois idosos na parte da frente. Com o barulho que eles faziam, sacudindo portas e gritando, minha raiva só ia crescendo. É nessas horas que duvido da minha espiritualidade... Queria mesmo era meter o murro na cara daqueles doidos que estavam me deixando acuada dentro do ônibus. Coisa de terrorismo mesmo. Se um deles entrasse no coletivo, eu estava disposta a meter o teclado do computador na cara do safado (eu estava levando um teclado que o maridão me deu para usar aqui na agência. Por sinal, muito bom, estou usando agora. Valeu, meu Feião!).

Mas não foi necessário partir para a ignorância. Neste instante, o ônibus já estava parando na frente da delegacia e os PMs entraram em ação. Quando viram a situação, resolveram se animar já sacaram as pistolas e foram chegando junto dos malas e mandando tudo mundo ficar quietinho. Eu, com a raiva que havia se apoderado de mim, não pude ficar calada. Abri a janelinha e gritei para os PMs: "pois estavam aqui ameaçando os passageiros e tentando quebrar as portas do ônibus!" Após meu depoimento super espontâneo e aterrorizado, a polícia não deixou por menos e deu o "baculejo" nos danados.

E assim, após essa pequena aventura de início de dia, cá estou a lhes contar esse causo que me deixou possessa. Com raiva dos marginais, raiva da cobradora que parecia em outro planeta, raiva do motorista sem ação (até eu dar um grito nele), raiva da minha impotência perante uma situação dessas. Já senti isso antes, quando fui assaltada em todos os meus pertences por um drogado que colocou a arma na minha cabeça há alguns anos. Até hoje tenho raiva dele pelo medo que me fez passar. Pelo trauma, pela minha vulnerabilidade. Só tenho mesmo é que rezar muito, muito mais do que eu rezo para não pirar e fazer alguma besteira em uma hora como essa. Que Deus nos proteja!

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