segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

"Aportuguesar" é uma arte.

Como boa menina tímida que fui um dia, sou muito observadora. Quase nada me passa despercebido no nosso louco dia a dia. Também como ando muito a pé e de ônibus, tenho tempo e espaço de sobra para conferir as coisas mais malucas e mais chatas do cotidiano dessa nossa terrinha quente como os terraços do capeta. Hoje mesmo, não poderia deixar de lhes trazer, queridos e seletos leitores, uma interessante palavrinha que estava escrita entre tantas outras em uma placa de lanchonete ambulante (aqueles carrinhos que levam gordurosas delícias como coxinhas, enroladinhos de salsicha e afins). A dita palavra: croaçã.

Isso mesmo, eu também fiquei uns três segundos olhando e tentando entendê-la. E é isso mesmo novamente, a palavra é um "aportuguesamento" (nossa isso fica feio escrito! Acho que essa nem existe) de croissant. Essa palavra francesa que significa crescente, identifica um pãozinho que vem neste formato, com ou sem recheio. Acho que todo mundo já comeu um desses, não? Mas assim? Com "ç" e acento? É provável que sim, afinal, em Paris ainda não fui nesta vida e os croaçãs que comemos são mesmo deste modelo "abrasileirado". Mas vamos manter a categoria, gente... Pelo mesmo vamos usar a palavra em francês... Só pra satisfazer nossa necessidade de glamour ou, pelo menos, para não nos tornarmos assassinos do idioma alheio. Já não basta os absurdos que fazemos como nosso sofrido português?!

Imagino a cara da minha amiga Julia, estudante viajada e já falante do belo francês diante de tal inocente palavrinha vestida de verde e amarelo. Ou melhor, vestida de caboclo de lança! Mas talvez eu esteja sendo muito dura e exigente, afinal o dono da pequena lanchonete não deve ter cursado, de jeito nenhum, a Aliança Francesa. Eu mesma fiz seis meses de francês por lá, quando tinha uns 12 anos... E mal guardei na memória um bonjour. Adoro a língua francesa, aos ouvidos ela é música para mim. Mas não consegui levar adiante o curso. Eu insistia em falar e pensar em inglês e minha professora queria me matar! E a conjugação verbal, tão minha amiga no português, foi uma verdadeira megera comigo no francês...  Desisti. Mas um dia ainda irei a Paris, falando ou não francês. Vou subir na Torre Eiffel, ajoelhar-me em Notre Dame, passear pelo Arco do Triunfo e comer uns croassints (agora, sim!) regados ao bom vinho francês. Bisous da Lilu!

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